Há silêncio e derramamento de luz prateada
sobre as copas das amendoeiras.
A rua dorme
aqui dentro uma maratona de sentimentos
prescruta o dia por chegar
como uma mãe zelosa
a sondar o sexo do feto.
Grávido de noite
olhos as lombadas dos livros
vou à janela
e a rua dorme.
Eu: movimento de idas e vindas.
Quem dormirá por mim?
Não tenho mais o berço de espaldares altos
o sono pode ser armadilha de pesadelos
ou roubar-me a leitura dos livros amados.
Volto à janela
decido pelo poema
"rema, rema, remador
quero ver depressa o meu amor"
Não sei amar por horas a fio.
Amo e despeço-me
volto a fiar os tecidos da noite
sentindo a tranquilidade da casa vazia.
Os livros me saúdam e dizem:
emfim sós!
(Contemplo a rua
as copas das amendoeiras
as lombadas dos livros
a coca-zero e os copos sobre a mesa.
Vou à pia e lavo os copos.)
João Luiz de Souza - Niterói - 13/09/09
Recorrências (série de poemas NOTURNOS)
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