sábado, 15 de maio de 2010

PALAVREANDO - POR ALEXSANDRO CÂMARA

Palavrando I (argilosamente)

Esse é todo um refazimento de muda
Do desconhecido toda se crescendo
Iluminada de sol, reluzente de vida
Primaverando: florescida

A gente tá todo dentro das plantas
Olhos fechados que sejam espirrados de pólen
E despertados.
Seguindo a partir do partido, deixando arco-íris no outrora
Enegrecido coração invernizado
Outra hora, outro respiro.


Palavrando II (vertigenssolar)


Você tá toda numa entrepalavra
Aquela que tem uma pra cá outra pra lá
E deixa um espaço a ser preenchido
Uma performance poética vocal
Na amplidão da nossa boca no céu da louca
Dessa casa grande
Onde tem espaço pro improviso

Samba flor gira gira
Sol me esquenta
Como a concretude das latinhas
De barros e areias, classicismos modernosos
Barrocando, água, chuvas vespertinas

Eu e você e um punhado de argila
Ou seria chocolate?
Jazz e cá
Rego de calor
O odor da vida
Que invade nossa tarde...
Tão cedo o toque das carnes
Frutifica a palavra nova
Que não se lê
Ninguém mais sabe, a gente não diz
Essa daí só eu e você


Palavrando III (ad-entre)

Atrás disto, você
Eu mescrevendo em aflição
Tinta que corre fácil mancha tanto quanto
Difícil mesmo é controlar
Lado alado de asa quebrada
Passarinho desapassarinhou
E pia

Seu Poeta, senhor maiúsculo,
me ensina esse olhar de ave?
Ave Maria, até faria
Reza braba de pazes
Olho que enxergue muito disso
Fazer e ter, sentir e ser
Pluralidades

Tô num momento de rima, eu juro
Entrecortada, antepalavras
Silenciais, licenciais, contratuais
Postepalavras iluminando
Entrelinhas do escuro

Fosse isso tudo um muro
Na frente dele, você.

Palavrando Última (pro nome outro)


Senhora, tô insatisfeito
Espaço de sobra
E eu ainda rarefeito

Tô peneirando o ar com as mãos
E nesse gesto não cato nem palavrão
E o que poderia de ser?

Tô cheirando a terra com os nãos
E desse jeito não farejo nem emoção
E o se poderia de ter?

Silêncio é bom. Silêncio é ruim.
Matutando, cavucando, simulando, fabulando
Algo flor, ausenciada, enunciado, anunciada
Resvalando, faltando faltando faltando
Apressado, repetidamente gerundiando
Agora a coisa. A coisa e tal. Tal coisa assim.

Sem hora, tô insatisfeito
Sobre o espaço
Ainda eu e raro efeito:
pra todo efeito, sem defeitos em si sê-los, selando pronome efetivamente em mim.


Palavrando Re-primeira: Português de amor não tem regra


Re-pouso meus olhos de ave palavrando voos de você
Sublimação do silêncio
Natureza naturalmente: um mundo
Amanheceres seres desse mundo beira eros eira
Um desejo com afinco, um acarinhamento todo
Como eu sinto, sim tô aqui pra te ver clareando a vida de orelha a orelha
No teu riso tem centelha de sol
Casa sem telha pra ver o céu
Cada calor na veia pra se saber cheio de alma
Eu tenho toda essa conversa pré-sono
É meu jeito de te ler todo sonho
É um respiro pra saber que nunca vou te saber mas sempre te sinto
São voos lado a lado
Palavrinhas chovendo acariciando a secura do solitário

Longe nunca fique longe é da lonjura
Fique perto do meu lado
Alado

Quando tudo é estar contigo
Felicidade é sempre ponto de partida.



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Saudações Coruja,

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Natália Parreiras [Redação, Edição do blog e do site "corujaodapoesia.com" e Co-curadoria do movimento], é educadora formada em Letras pela UFPE e atualmente prepara seu quarto livro pela editora Ibis Libris.
Mais em: http://www.sonatainsone.blogspot.com/
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